Menu

Image Map

segunda-feira, 24 de março de 2014

Crônicas: Um minuto da sua atenção?


  Depois de vidrar nas mil tarefas estipuladas, depois de descolar meu rosto misturado com a luz projetada pelo computador, depois de passar tantas páginas fardadas de conteúdo, depois de comer letras para que tudo fique devidamente guardado, decidi atender ao pedido do meu coração.
   Ele me chamava à tempos, fazendo um pedido numa voz calma, paciente, serena, numa constância e insistência admiradora, apenas querendo me dizer "Ei pare um pouco, estou aqui, dê atenção para o que estou sentindo agora." Meu coração estava decidido em ordenar que parasse de ficar correndo atrás do ladrão gramatical, científico, geográfico, inglês, português, administrador e tantos outros donos das disciplinas que geralmente roubam a minha atenção me fazendo esquecer dos sentimentos que pautam, matutam e clamam constantemente por um minuto da minha atenção.
  Agora fechando os livros e cadernos, saindo de frente do computador, deixando tudo devidamente arrumado e organizado, deito-me na minha cama grande, sobre o escuro, presa numa música que tinha sido a trilha sonora do casamento de um lindo casal.
  Na mesma hora minha memória vasculhou um momento que agora se prendeu ao meu consciente, jamais dando chances para o esquecimento. "Ei quando sai o casamento?" com plena certeza e autoridade vc responde para o indivíduo: "Ainda estamos planejando." Nem sempre é fácil expressar o que verdadeiramente sinto apenas em algumas letras escritas e inspiradas por mim.
  A nossa história é um lindo bordado de esperas e eu esperei! Esperei vc parar de correr atrás do ladrão das disciplinas que tentam aniquilar qualquer sentimento que venha do coração, assim também estava fazendo. Sobre a onda dessa espera, fechei os olhos e desliguei minha existência na Terra. Agora estava viajando para lugares lindos, onde em cada lugar que recebia minha passagem era como se eu estivesse vivendo um filme de romance, daqueles que sempre tem final feliz...
  Cada momento vivido por nós, cada conquista alcançada juntos, cada lágrima que derramamos juntos, cada abraço apertado que por muitas vezes doeu no momento em que tivemos que dizer adeus, cada sorriso inesperado, cada olhar improvisado, cada detalhe da nossa história, estava ali, registrado em várias folhinhas de papel pendurado na árvore da nossa história.

  Cheguei num momento da viajem em que achei que tudo de bom que estamos vivendo iria  passar devidamente rápido e apagar as boas memórias. Por ser uma pessoa tão detalhista, tão sentimental, tão emocional, tão presa às memórias passadas, sou uma cúmplice e sofredora do tempo. Sofro porque o tempo passa rápido de mais, colocando sobre minhas costas um medo inigualável de que tudo seja um simples sonho, uma jornada que será interrompida e tudo voltará ao normal. 
  A verdade é que meus sentimentos são comparáveis ao imenso oceano, onde não se vê o fim do meu amor, onde apenas conhecem meu interior aquele que mergulha para um lugar faltante de oxigênio apenas sustendo pela fôlego de Deus, onde jamais se vê o fim de uma história escrita pelas mãos do Pai, com a presença dos mínimos detalhes de caneta permanente para que jamais seja apagado.
 "Amor já terminou todos os seus trabalhos?", interrompeu a viajem para que agora pudesse dar atenção para meu amor. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário